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quinta-feira, 25 de março de 2010

Erros e... agravamentos

Estou a tirar a Licenciatura em Línguas e Literaturas, e desde há 1 ou 2 anos para cá que me sinto particularmente sensível ao ouvir, mas especialmente ao ler e testemunhar o assassínio da língua portuguesa. Não quero com isto dizer que eu não dou erros, dou! Por vezes tenho dúvidas se devo colocar "c" ou "ss" em determinadas palavras, "u" ou "o"... não sou perfeita, embora roce a perfeição! ;)

No entanto, no meu emprego trabalho muito com papel, mails, cartas... e não é de estranhar que assista muitas vezes a verdadeiras facadas linguísticas, tais como "foncionario", "chopping", "orinol", "puchador", "parteleira", enfim... erros minimamente "normais" entre pessoas de pouca instrução escolar que, embora me dê uma dor na alma, não considero verdadeiramente graves.

O problema, a meu ver, dá-se quando se trata de alguém com uma instrução escolar alta, alguém que estudou, alguém que tem um canudo e um título respeitoso antes do nome... um título como Sr. Engenheiro. Não, não estou a falar do Primeiro Ministro. Estou a falar de alguém que ganha 4 vezes mais aquilo que eu ganho... não que ele ganhe grandes fortunas, eu é que ganho pouco! Mas continuando... quando alguém que ganha 4 vezes o que eu ganho comete um erro ridículo, um erro que nunca vi ninguém cometer, um erro que, bolas, não lembra o diabo há algo dentro de mim que se revolve. Se não tivesse achado tanta piada à situação e ao erro em questão, teria com toda a certeza ficado mal disposta.

Ora estava eu muito bem concentrada no meu trabalho... que é como quem diz que estava desesperadamente a olhar para o relógio a ver quando chegava a hora do almoço... quando recebo um mail do dito Sr. Engenheiro, cujo assunto dizia
Aquisição de dois Agravadores. "Mas o que raio são agravadores?!" pensei eu. "Talvez quisesse dizer gravadores e enganou-se... mas que tenho eu a ver com isso? Ele que adquira o que quiser", abri no entanto o mail, para tentar perceber o que queria ele de mim, e qual não é o meu espanto quando leio o seguinte texto:

"Preciso se faz favor de dois agravadores novos, um médio e um pequeno. Os que tenho estão na reforma, em vez de agravarem estragam agravos."

...???!!??... Agravarem?! Agravos?! Foi então que "caiu a ficha" e me ia mijando a rir. Ahhhh agrafadores!!!
Estava a par do processo de Betacismo que faz com que se troquem os "v" pelos "b", como fazem no norte carago, agora trocarem "f" por "v" é que nunca tinha visto... talvez seja um processo ainda não estudado. Mas imagino que possa dar grandes dissabores ao seu utilizador... quero dizer, imaginemos que o Sr. Engenheiro vai jantar com o patrão a casa deste e da esposa, e que às tantas ao cortar o belo naco de carne como de fosse manteiga diz, bajulador:

"Caro Dr., deixe-me que lhe diga que ou o bife é muito bom, ou esta sua vaca é bastante melhor do que aquela que tenho em casa!"

... que iria o Caro Dr. pensar?!? Que iria a esposa do Caro Dr. pensar?!?

Bem, mas agora, enquanto o agrafador médio e o pequeno não chegam, só me resta esperar que o Sr. Engenheiro me peça para agrafar os seus papeis para que eu tenha o privilégio de dizer, com toda a pompa e circunstância:

"Com certeza Sr. Engenheiro, é para mim um prazer agravar o seu trabalho!" ;)



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