Segundo dizem os
entendidos, afinal a memória dos peixes não dura apenas 3 segundos. Dizem que
os bichinhos têm até boas capacidades de memória, tendo em conta o diminuto
tamanho do seu cérebro.
Isso dá-me pena.
Viver sabendo que podem ser comidos por um tubarão, uma foca, uma gaivota ou um
gato, não é uma existência lá muito alegre…
Se, de facto, a sua
memória só durasse 3 segundos, seria tudo muito mais emocionante! Tudo era
novidade a toda a hora: poder conhecer "pessoas novas" a cada 3
segundos; ver o mesmo coral com o entusiasmo de há 3 segundos atrás; morrer
sabendo (ou pelo menos pensando) que se viveu no limite…
Por vezes, a
ignorância, é uma bênção.
Como viveríamos sem
mácula, sem arrependimentos, se pudéssemos esquecer algumas coisas com a
simplicidade de um suspiro.
Podíamos esquecer
que depois do verão vem - sempre - o inverno; esquecíamos que as segundas-feiras aparecem todas as
segundas-feiras; podíamos esquecer que a empresa nos elegeu para participar
numa formação pós laboral que termina às dez horas da noite, sem se preocupar
com a nossa falta de entusiasmo - nem tão pouco com a nossa "cara
feia" - perante a notícia; esquecíamos, também, o enorme (e veemente
negado) fraquinho do nosso namorado pela menina do departamento de comunicação
- e assim já não sentíamos os dedos dos pés encarquilhar dentro das botas de
salto alto quando o apanhamos a beber café no grupinho alegre e brincalhão onde
ela se insere…
Enfim… sem dúvida,
por vezes, a ignorância é uma bênção.
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